domingo, 13 de setembro de 2009

ROMEU PIXADOR 2 por Gustavo Verde Milfont


Venho aqui hoje, por meio desta trazer à tona um manifesto da vida moderna, mostrar que o romantismo não foi assassinado com o passar dos anos, como muitos pensam, mas sim apenas mudou sua forma de se expressar.
Outrora passeando em bosques encontraríamos marcados nas pobres árvores dizeres como “fulano e fulana”, ou “te amo fulana!” entalhado com canivetes, da forma mais poética da coisa, no caule das clorofiladas amigas esquecidas dos homens, dentro de corações vazados por flechas. Nos dias atuais não encontramos corriqueiramente o cenário dos bosques, então passeando em nossas "selvas de pedra" encontramos outro tipo de manifestação, que não aquela dos corações entalhados em madeira, nem a dos bilhetinhos deixados sobre a carteira no final da aula,mas sim o novo,e diga-se de passagem que não é tão novo, método romântico de se atirar flechas em corações arredios:
- O Romeu pixador!
Dei-me conta de tal fato quando li uma matéria escrita pelo professor André Santiago em seu blog, que fora inclusive publicada pelo Diário de Pernambuco, sobre determinada declaração escrita nas paredes externas da biblioteca pública de afogados. Na matéria o professor supunha que a garota em questão devia freqüentar o espaço, e por isso nosso Romeu tivera feito tal ato, e indo mais adiante supunha também que teria mais crédito ele se frequentasse a biblioteca e lesse um pouco, ao invéz de sujar o patrimônio público de modo tão romântico.
Hoje dei de cara com mais um episódio da série “Romeu pixador” que se trata de um caso mais curioso, quase “Viníciano”. Ao acordar na manhã desta terça-feira(08/09/09) e encaminhar-me para o ponto de ônibus, dei de cara com a seguinte a frase, “arosa te amo”, estampada com letras de tinta spray na parede de um lugar que podemos no mínimo chamar de peculiar para se colocar uma declaração de amor, a parede externa de um motel! Ora, comecemos então como Sherlock Holmes começaria, com seu faro-fino de investigador, com nossas conclusões e alumbramentos...
Do ponto das especulações começo na forma mais canalha de ser, falando que o rapaz teria muito mais credito se frequentasse o local com a moça, ao invéz de ficar por aí escrevendo o nome de sua amada nas paredes de tal famigerado lugar. Acredito pouco que ele seja pintor, e que depois de umas boas horas lá dentro com a moça tenha saído com ela para o ponto de ônibus, e que num devaneio de paixão tenha puxado seu material de trabalho e colocado tal frase em meio ao sumiço de sua lucidez. Seria pouco provável, concordam?
Saindo do campo das especulações, vamos ao que eu prefiro chamar de alumbramento, olhando de forma mais poética possível. Olhando para tal manifestação romântico-rebelde, dei-me conta de tratar-se da adaptação do romantismo à vida moderna, e que se não fosse o fato de estar depredando o patrimônio de alguém seria louvável em demasia, ao menos na visão deste que vos fala que é adepto do faça amor, não faça a guerra. Chegando a um entendimento definitivo e comum com minhas idéias, creio que deveríamos fazer uma junção entre as atitudes feitas e as sugeridas para que nossos desordenados galantes urbanos consigam expressar seus sentimentos de forma que não gere ônus a terceiros e que sejam mais elegantes e eficazes aos olhos de suas pequenas. Seria esta forma passar a tarde lendo poesias na biblioteca e depois festejar o conhecimento adquirido em conjunto no motel contando “segredos de liquidificador”? Não sei... Mas confesso que seria com toda certeza bem mais proveitoso do que sair por aí colocando declarações em paredes que sinceramente não foram feitas para isso. Finalizando, desejo que pelo menos um dos nossos “Romeus” escutem esta história e que reflitam sobre o assunto antes de exporem seus sentimentos de maneira tão intempestiva, e que nossa cidade possam ter mais árvores e que nossos sonhadores façam como antigamente e entalhem corações vazados por flechas e se guardem em suas sombras acolhidos no regaço de seu bem amado.

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