sexta-feira, 26 de abril de 2013

Poesia em Prosa ou a Crônica de um Bobo



              Sabe! Gosto muito de você! Reclamou que estava frio ontem!
              Não estou frio, nem isso nem aquilo, apenas estou avaliando meu papel na sua vida.
              Tem sido bacana estar aqui sempre, acredito que ajudo você a se alegrar e a viver. E tudo me faz bem! Bem até demais. Cada minuto, cada pequeno detalhe, cada simples conversa.
             Outros homens não suportariam uma relação que demorasse a ter um momento carnal. Ou que não fosse apenas carne. Claro! Se me perguntar se quero te beijar, abraçar, te cheirar, fazer cafuné, te mimar, te dar colo. A resposta será sempre sim, quero já.
              Sonhei com você. Há alguns dias não sonhava. Então acordo com vontade de te dar bom dia! De te desejar um dia maravilhoso, tranquilo, feliz, proveitoso. Faz parte do meu dia desejar o melhor para você. E claro, farei isso sempre. É inerente não ao gostar carnal, mas ao simples gostar, desejar o melhor para a pessoa amiga.
              Você tem sido tão afetuosa, tão presente, tão carinhosa, sempre confiando em mim. Ouvindo-me e dividindo suas coisas comigo. Sinto-me lisonjeado, importante.
              Na verdade, me senti erradamente a pessoa mais importante. Mas ignorei. Fez-me sentir mais importante do que realmente sou. Apesar de acreditar que alcancei um lugar em você que pouca gente conseguiu. E mesmo você  sendo sempre tão sincera, tão aberta, é difícil ver e saber certas coisas. Disse que ignoraria, disse que não ligaria mais. Mas não consigo. Não as declarações que vem do outro lado. Mas a forma como você responde a elas.
              Não são flechas de cúpido que me atingem, são flechas envenenadas. São enormes e pontiagudas flechas feitas do aço mais duro, que rasga meu corpo. E o pior da dor dessas flechas é que não consigo me esconder delas e nem sair de sua frente.
              Às vezes fico sem ar, às vezes com náuseas, meio tonto, e busco entender meu papel em tudo isso. Ontem peguei uma borracha enorme para apagar o que estava escrito e quanto mais apagava, mais coisas apareciam. Não suporto ler, não suporto saber, não suporto sentir, mesmo não sendo novidade para mim, mesmo não estando sendo enganado, mesmo não estando iludido.
              Já te disse outras vezes. É muito fácil gostar de você. Alegre, inteligente, bonita, charmosa, companheira, boa ouvinte, sabe a hora de falar, discreta, simpática, com um sorriso que desarma e apaixona. Esta sempre foi você, mesmo quando mais jovem, e ainda o é muito. Você cativa tem uma forma de olhar que uma besta monstruosa jogaria as armas fora para ficar te olhando. Você é como as sereias do mito grego, que encantava os marinheiros com a sua voz.
              Mas você encanta mesmo calada.
              O incrível é que sei que qualquer pessoa que for seu companheiro terá que conviver com o ciúme como parte do organismo, porque onde for chamará a atenção.
             Você é a pessoa mais simples que eu conheço. De uma simplicidade deslumbrante.
              Se você fosse no baile do príncipe e a fada madrinha aparecesse para lhe dar roupas novas, carruagens e jóias. Você poderia dizer: Não preciso, vou com essas roupas mesmo, e todos te notariam como a mais bela da festa.
              Não precisa de coroa, jóias, maquiagem, perfumes. Não precisa de nada, apenas ser você mesma. Simples, bela, agradável, mulher.
              Certa vez, em minha vida, disse para mim mesmo, melhor sentir dor que não sentir nada. Não sentir é dolorosamente vazio.
              Agora estou sem palavras, gastei todas as que sabia, por hoje.

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