O Oriente Médio
esta em ebulição. Como as notícias dos jornais são rápidas boa parte da
população ocidental fica confusa com os carros bombas, conflitos, rebeliões e
guerras civis. Afinal, não são todos árabes e muçulmanos?
Na verdade não.
Esta parte do mundo é tão diversificada etnicamente, culturalmente,
religiosamente, etc. O Egito é uma mistura de árabes, beduínos, núbios, e
grupos minoritários grego, ingleses, franceses, italianos e em menor proporção
ainda judeus. Na verdade as questões citadas são usadas como instrumento nas
disputas de poder há séculos.
E não apenas no
Egito que lembrar que o mundo árabe não é homogêneo. Em nenhum sentido. A
Síria, por exemplo, tem divisões políticas enormes nem o nome Síria é
verdadeiro, pois os sírios desapareceram há séculos.
Afora a
influência ocidental moderna, lembrar que a Inglaterra dominou o país até o ano de 1922. E mesmo com a independência sob um regime monárquico continuou
dependente dela o que levou a uma série de intervenções militares que
inicialmente colocaram o regime sob tutela e depois, devido a divisões dentro
do próprio exército, com uma corrente liderada pelo general Nagib querendo
diminuir paulatinamente a influência militar e outra liderada pelo general
Nasser desejando aprofundar o papel do exército no governo o que levou a
proclamação da república em 1954, liderada pelo próprio Nasser até 1970, data
de seu falecimento.
Nasser inaugurou
um tipo de socialismo adaptado à realidade cultural árabe, aproximando-se da
União Soviética, mas não em um alinhamento automático. O governo do período era
visto como não-alinhado, pan-arabista e anti-imperialista. Combatia vivamente o
fundamentalismo religioso. Seu sucessor, o também militar Sadat aumentou a repressão tanto a oposição
política como os fundamentalistas que o acabaram assassinando em 1981 por ser
considerado traidor da causa árabe, o que permitiu a o então vice-presidente
Hosni Mubarak assumir o poder, o que significou nenhuma alteração em relação a
política interna e, com o fim da guerra fria uma maior aproximação com os
países ocidentais.
A manutenção da
mesma política e após mais de 50 anos de hegemonia militar acabaram estourando
em 2011 em uma imensa insatisfação popular, nos eventos da chamada Primavera
Árabe, que além de democracia e mais participação política, questionavam a
situação econômica do país que penaliza principalmente os mais jovens.
A
queda de Mubarak em 11 de fevereiro de 2011, força os militares que ainda
tentaram se equilibrar no poder, a convocar eleições em 23 de junho
de 2012,
vencidas por Mohamed Morsi, candidato da Irmandade Muçulmana. Que iniciou mesmo que de
forma lenta, um processo de aproximação com a idéia de islamização da
sociedade, que redundou em uma oposição cada vez maior por setores, que de um
lado perderam o poder que usufruíam no regime anterior e setores que não estão
representados no atual regime. Oposição esta que levou ao recente golpe com a
consequente suspensão da Constituição e a entrega da presidência ao chefe da Suprema Corte de Justiça do Egito, Adli
Mahmud Mansour.
Adli Mahmud Mansour
Lembrar
que muitos membros da Irmandade Muçulmana antes da adesão a política institucional
já pegou em armas, o que torna incerto os rumos do país com últimos
acontecimentos.
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