quinta-feira, 4 de julho de 2013

Golpe Militar no Egito: Para Entender a Crise







O Oriente Médio esta em ebulição. Como as notícias dos jornais são rápidas boa parte da população ocidental fica confusa com os carros bombas, conflitos, rebeliões e guerras civis. Afinal, não são todos árabes e muçulmanos?
Na verdade não. Esta parte do mundo é tão diversificada etnicamente, culturalmente, religiosamente, etc. O Egito é uma mistura de árabes, beduínos, núbios, e grupos minoritários grego, ingleses, franceses, italianos e em menor proporção ainda judeus. Na verdade as questões citadas são usadas como instrumento nas disputas de poder há séculos. 
E não apenas no Egito que lembrar que o mundo árabe não é homogêneo. Em nenhum sentido. A Síria, por exemplo, tem divisões políticas enormes nem o nome Síria é verdadeiro, pois os sírios desapareceram há séculos.
Afora a influência ocidental moderna, lembrar que a Inglaterra dominou o país até o ano de  1922. E mesmo com a independência sob um regime monárquico continuou dependente dela o que levou a uma série de intervenções militares que inicialmente colocaram o regime sob tutela e depois, devido a divisões dentro do próprio exército, com uma corrente liderada pelo general Nagib querendo diminuir paulatinamente a influência militar e outra liderada pelo general Nasser desejando aprofundar o papel do exército no governo o que levou a proclamação da república em 1954, liderada pelo próprio Nasser até 1970, data de seu falecimento.
Nasser inaugurou um tipo de socialismo adaptado à realidade cultural árabe, aproximando-se da União Soviética, mas não em um alinhamento automático. O governo do período era visto como não-alinhado, pan-arabista e anti-imperialista. Combatia vivamente o fundamentalismo religioso. Seu sucessor, o também militar Sadat  aumentou a repressão tanto a oposição política como os fundamentalistas que o acabaram assassinando em 1981 por ser considerado traidor da causa árabe, o que permitiu a o então vice-presidente Hosni Mubarak assumir o poder, o que significou nenhuma alteração em relação a política interna e, com o fim da guerra fria uma maior aproximação com os países ocidentais.
A manutenção da mesma política e após mais de 50 anos de hegemonia militar acabaram estourando em 2011 em uma imensa insatisfação popular, nos eventos da chamada Primavera Árabe, que além de democracia e mais participação política, questionavam a situação econômica do país que penaliza principalmente os mais jovens.
A queda de Mubarak em 11 de fevereiro de 2011, força os militares que ainda tentaram se equilibrar no poder, a convocar eleições em 23 de junho de 2012, vencidas por Mohamed Morsi, candidato da Irmandade Muçulmana. Que iniciou mesmo que de forma lenta, um processo de aproximação com a idéia de islamização da sociedade, que redundou em uma oposição cada vez maior por setores, que de um lado perderam o poder que usufruíam no regime anterior e setores que não estão representados no atual regime. Oposição esta que levou ao recente golpe com a consequente suspensão da Constituição e a entrega da presidência ao chefe da Suprema Corte de Justiça do Egito, Adli Mahmud Mansour.

                                                         
                                                               Adli Mahmud Mansour

Lembrar que muitos membros da Irmandade Muçulmana antes da adesão a política institucional já pegou em armas, o que torna incerto os rumos do país com últimos acontecimentos.

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