terça-feira, 4 de novembro de 2014

POESIA EM PROSA OU CRÔNICA DO FOGO



“O amor é o fogo que arde sem se ver"     Luís de Camões

              Falando de fogo, o que é isso? Qual o significado desse sentimento, que se apresenta tão carnal? Na verdade, qual sentimento não é carnal, qual sentimento não acelera todo o organismo, pulsação, coração, sangue, respiração?
              Claro que desejo teu corpo. Claro que desejo tocar sua pele de forma intensa e sentir o perfume que sai de você; embriagar-me completamente com ele. Embaralhar teu cabelo em meu rosto. Beijar todo o corpo e transformar teu suor em alimento, em nutrição absoluta dos sentidos. Mapear cada parte de você como um viajante desenha um mapa, cuja bússola é meu sexo e o norte magnético o teu.
              Mas, o que é fogo? O que é isso?
              A inevitável conjunção carnal a que todos os amantes e animais de toda espécie são levados? Se a resposta for sim, o amor acabou.
              Mas o que é o fogo, além do atrito entre duas emoções. O choque profundo entre duas pessoas que se querem, se desejam, se amam, se respeitam. Que são cúmplices em uma vida que não pode ser vivida separada.
              Mas, sabe onde me corpo mais se estremece? Onde meus sentidos mais se excitam? Simplesmente quando olho teus olhos. Quando ouço tua voz. Tocar tua mão, andar ao teu lado, apenas escorar meu ombro no seu. Sentir com a ponta dos dedos a pele de teu rosto, deslumbrar com o vento em seu cabelo. Beber o perfume que teu corpo exala.          
              Tudo isso me incendeia. Faz-me querer dividir o mundo apenas com você. Tornar-se cúmplice de sua vida inteira. Dar-te colo e te mimar. Fogo é isso. E querer além do limite. É deslumbrar-se apenas em olhar para a amada.
              Fogo, fogo, fogo. Incendiemos o mundo, antes que ele seja dominado por sentimentos menores. E que as menores coisas, as menores atitudes, transformem-se em fogo para a pessoa amada.
             

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