terça-feira, 23 de julho de 2013

ORIGENS DO FUTEBOL NO BRASIL, ELITISMO E PÓ-DE-ARROZ





             
É unânime a importância do futebol para a formação da característica do brasileiro. Esta entranhada em nossa história, em nossa cultura e no imaginário popular. Espera-se que o brasileiro jogue tão bem futebol quanto seja sambista, dá mesma forma que se espera que todo pernambucano saiba frevar, ou ao menos goste do ritmo. Mito? Deixemos isso para o leitor julgar.
              Porém existem outros mitos em torno da origem desse esporte que é paixão nacional e um dos símbolos da identidade do país. Foram os ingleses que introduziram esse esporte no país? Era um esporte da elite branca? Houve ocasião de jogador negro ter que colocar maquiagem, para dessa forma disfarçar a cor e poder jogar?
              Considerado o precursor do esporte, Charles Miller filho de um escocês e uma brasileira de origem inglesa, nasceu no bairro paulistano do Brás viajou para Inglaterra aos nove anos de idade para estudar e, ao retornar ao Brasil em 1894, trouxe na bagagem a primeira bola de futebol, uniforme e um conjunto de regras. O primeiro jogo de futebol no Brasil foi realizados em 15 de abril de 1895 entre funcionários de empresas inglesas que atuavam em São Paulo. Os funcionários também eram de origem inglesa. Este jogo foi entre Funcionários da Companhia de Gás X Companhia Ferroviária São Paulo Railway, terminando em 4X2.
                                                           São Paulo Athletic Club
              O primeiro time a se formar no Brasil foi o São Paulo Athletic Club, fundado em 13 de maio de 1888, mas era um clube inglês de críquete que Charles Miller convenceu a formar uma equipe de futebol, na qual o próprio jogava. O Sport Club Rio Grande, da cidade de Rio Grande (RS), fundado em 19 de julho de 1900, pelo alemão Johannes Minnemann, foi o primeiro clube criado no País com o objetivo de manter equipes de futebol.
              Quanto ao pó-de-arroz, foi o Fluminense que ganhou de seus adversários essa pecha por supostamente para permitir a entrada de um jogador negro em campo, tê-lo obrigado a colocar pó-de-arroz para disfarçar a cor. Esse fato foi reacendido em recente novela da TV Globo em que o protagonista representado pelo ator Lázaro Ramos, reproduz esse suposto momento da história do futebol e também do homem negro no Brasil. Tal fato foi rejeitado por ampla pesquisa feita por Mário Filho que se transformou no livro O Negro no Futebol Político. A imagem, porém ficou; bem como a ideia que era um esporte de elite. Claro se formos olhar para os registros dos clubes no início do século XX, teremos sim uma atividade esportiva restrita a elite, porque todos os clubes – e todas as suas atividades –  eram restritos a uma minoria branca, endinheirada e europeizada. Mas se formos buscar os jornais do período e até mesmo registros policiais, veremos as origens dos nossos famosos campos de várzea, hoje também já quase extintos, pela explosão populacional e pela especulação imobiliária, nas praias, praças e quaisquer espaços que permitissem o exercício da atividade por populares de todas as classes sociais.

                                                         Fluminense em 1911

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